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ASAC refloresta mangais em Mecúfi e fortalece comunidades para a sustentabilidade ambiental

Numa resposta concreta às crescentes ameaças das alterações climáticas, a Associação Social de Apoio Comunitário (ASAC) realizou uma significativa ação de reflorestamento de dois hectares de mangal na comunidade de Natuko, distrito de Mecúfi. Integrada no Projecto Clima de Mudança, financiado pela ICEI – Instituto de Cooperação Económica Internacional com fundos da União Europeia, a iniciativa alia proteção ambiental com empoderamento comunitário, promovendo um novo horizonte de esperança para as comunidades costeiras de Moçambique.

Mais do que plantar árvores, a ASAC está a semear consciência ecológica, dignidade e resiliência em territórios historicamente vulneráveis. A intervenção decorreu com envolvimento direto da população, precedida por uma formação intensiva que resultou na capacitação de 16 ativistas ambientais locais. Estes homens e mulheres são agora guardiões do ecossistema, liderando ações de conservação, sensibilização e monitoramento das áreas reflorestadas.

“A nossa missão vai além da intervenção pontual. Nós queremos fortalecer as comunidades para que sejam protagonistas da mudança. Reflorestar é um ato de defesa da vida — da vida humana, marinha e do planeta”, declarou Chame Chame, Coordenador de Programas da ASAC.

Durante a formação, os participantes aprenderam técnicas fundamentais para a restauração eficaz dos mangais: desde a seleção das espécies nativas, à construção de viveiros, distanciamento adequado entre mudas e estratégias de gestão comunitária dos recursos naturais. O conhecimento adquirido gerou não apenas aprendizagem, mas também sentido de pertença, liderança e esperança renovada.

“Antes, víamos o mangal como apenas madeira ou espaço vazio. Hoje, entendemos que ele é proteção, alimento e futuro. Estamos determinados a cuidar dele para proteger as nossas famílias dos ciclones e da fome”, partilhou um dos ativistas formados.

Os mangais são reconhecidos mundialmente como ecossistemas-chave na mitigação dos efeitos climáticos, pois atuam como barreiras naturais contra inundações, protegem a biodiversidade marinha e sequestram grandes quantidades de carbono. Em comunidades como Natuko, estas florestas costeiras são também fonte essencial de sustento para centenas de famílias que vivem da pesca artesanal — especialmente de camarão, caranguejo e outras espécies que se reproduzem nesses ambientes.

Ao mesmo tempo, a degradação desses ecossistemas, impulsionada por práticas como o corte indiscriminado de madeira, a pressão urbana desordenada e a ausência de políticas públicas sustentáveis, tem deixado as populações ainda mais expostas aos desastres naturais.

A ASAC responde a essa realidade com uma abordagem integrada e participativa, que combina ação direta no terreno, educação ambiental e mobilização comunitária. O resultado é mais do que ecológico: é cultural, social e económico. A comunidade de Natuko, antes vulnerável e desinformada sobre o valor estratégico dos mangais, hoje está mobilizada, consciente e preparada para proteger o que tem de mais precioso: o seu território e o seu futuro.

“Proteger o mangal é proteger as nossas casas, as nossas redes de pesca e as nossas crianças. A floresta que cresce connosco é também o símbolo da nossa resistência”, afirmou uma das líderes comunitárias envolvidas no projeto.

Com essa experiência bem-sucedida, a ASAC demonstra que é possível transformar desafios ambientais em oportunidades de reconstrução comunitária. O projeto revela-se como um modelo replicável para outras regiões costeiras do país e da África Austral, onde a combinação de ciência local, capacitação popular e financiamento estratégico pode gerar impactos duradouros.

À medida que os efeitos das mudanças climáticas se tornam mais severos, intervenções como esta ganham valor inestimável. A floresta que renasce à beira-mar em Natuko é, ao mesmo tempo, um ato de resistência e uma promessa de continuidade. Com raízes fincadas na terra e olhos voltados para o futuro, a ASAC reafirma seu compromisso com a justiça ambiental, o bem-estar coletivo e a construção de um Moçambique mais resiliente, sustentável e justo.

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