Duas semanas após distribuir alimentos a 410 famílias afetadas pelo Ciclone Jude, a Associação Social de Apoio Comunitário (ASAC) avança com a segunda fase da resposta humanitária: a entrega de kits de insumos agrícolas a 300 famílias do distrito de Mogincual. A intervenção representa uma virada no cenário de crise — não só alivia a fome, mas também planta os primeiros sinais de reconstrução e autonomia nas comunidades atingidas.
As famílias beneficiadas receberam sementes de alface, tomate, cebola, couve, abóbora, cenoura e quiabo, além de enxadas e regadores, compondo kits completos para a produção agrícola em pequena escala. O objetivo é claro: permitir que essas comunidades não dependam apenas da ajuda externa, mas que possam cultivar seu próprio sustento e gerar renda com o excedente.
“Estas sementes não são apenas alimento. São um novo começo”, afirmou Dona Lúcia, moradora da comunidade de Mepeone. “Depois do ciclone, pensei que tudo estava perdido. Hoje, com enxada na mão, sinto que posso voltar a cuidar da minha família com dignidade.”
Continuidade estratégica
A entrega destes kits integra a segunda fase de uma resposta articulada, iniciada com a distribuição de alimentos. De acordo com Ali Juma, Diretor Executivo da ASAC, o plano sempre foi pensar para além da emergência.
“Na primeira fase, combatemos a fome imediata. Agora, damos às famílias as ferramentas para reconstruírem seus meios de vida com as próprias mãos. Trata-se de dignidade, sustentabilidade e futuro”, explicou.
A ação faz parte de uma intervenção em consórcio, coordenada por CARE International, com a participação de 12 organizações — seis nacionais e seis internacionais. Enquanto a ASAC atua em Mogincual, a FH Association responde no distrito vizinho de Meconta, garantindo um alcance regional significativo.
Um novo ciclo nasce do chão
O impacto nas comunidades é visível. Crianças ajudam a regar as primeiras mudas, adultos preparam machambas com renovado entusiasmo, e líderes locais expressam gratidão não apenas pela ajuda material, mas pelo respeito demonstrado à capacidade de superação da população.
A ASAC destaca que a iniciativa visa ainda construir resiliência diante de futuros eventos climáticos, que têm se tornado cada vez mais frequentes em Moçambique. Para isso, os kits são acompanhados de orientações técnicas sobre cultivo, conservação do solo e práticas agroecológicas.
O papel da esperança em tempos difíceis
Este esforço humanitário é um exemplo claro de que a resposta a desastres não precisa parar na emergência. Com organização, visão e envolvimento comunitário, é possível transformar sofrimento em reconstrução — e escassez em oportunidade.
“Dissemos que voltaríamos. E voltamos com algo ainda mais poderoso do que alimentos: ferramentas para que as famílias possam produzir, resistir e prosperar”, concluiu Ali Juma.
Com ações como esta, a ASAC consolida seu papel como uma das principais organizações de base comunitária na resposta a crises em Moçambique, aliando apoio imediato a estratégias de longo prazo que colocam a comunidade no centro da transformação.